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AGRIPA VASCONCELLOS
por Maria do Sameiro Fangueiro
Agripa Ulysses Vasconcellos nasceu em 12 de abril de 1896, em Matosinhos, naquela época distrito de Santa Luzia, MG, e faleceu em Belo Horizonte em 20 de janeiro de 1969. Foi médico, escritor e se enveredou pela política, tornando-se deputado estadual em Belo Horizonte.
Seus primeiros estudos foram feitos em Sete Lagoas, MG, onde cursou o primário.O ensino secundário foi realizado em Juiz de Fora, MG. Ao deixar Minas, foi morar no Rio de Janeiro. Aqui, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Formado, dedicou-se à medicina com dedicação e afinco. Entretanto, sua inclinação pelas letras já fazia parte de sua vida, e, foi ainda bem jovem que escreveu seu primeiro romance intitulado Suor de sangue, o que lhe rendeu o Prêmio Olavo Bilac.
Com pouco mais de 20 anos entrou para a Academia Mineira de Letras, na cadeira de número três, cujo patrono é Aureliano José Lessa (1828-1861), ao escrever Silencio, livro de poesias. Além de pertencer à Academia, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e do Instituto Histórico de Ouro Preto.
Ao escrever a coleção Sagas do País das Gerais, Agripa aborda diferentes temas, e transforma fatos reais em romances históricos. A formação histórica e social de Minas Gerais é revelada em cada volume, sendo um autêntico documento narrador daquela época. Assim temos o romance A Vida em flor de Dona Beja: ciclo do povoamento (1957); Fome em Canaã: ciclo do latifúndio (1951); Sinhá Braba: ciclo agropecuário (1966); Gongo Sôco: ciclo do ouro (1966); Chica que manda: ciclo do diamante (1966); Chico Rei: ciclo da escravidão (1966).
Três dos seus livros foram editados postumamente. São eles: São Chico, no qual descreve o Nordeste brasileiro, Ouro verde e gado negro, romance do ciclo do café e da abolição, e Corpo fechado: contos e lendas. Coube a uma de suas filhas Mara de Vasconcelos Mancini (1924-2010) a curadoria de sua obra. Na apresentação de Corpo fechado, Mara assim se refere ao pai
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É inacreditável! São pastas e mais pastas cheias de papéis, pilhas de cadernos e folhas soltas, um amontoado de anotações que tento entender de onde vêm. Afinal, me pergunto sempre: a que horas Agripa dormia? Cada vez que abro uma dessas pastas que guardam seus escritos, cada vez que folheio esses papéis, sinto-me como um garimpeiro diante de uma mina de diamantes e tento tirar ali de dentro aqueles tesouros escondidos. A produção deixada por Agripa é imensa”...
Lembremos que os romances A Vida em flor de Dona Beja e Chica que manda, serviram de base para novelas de televisão com os títulos de D. Beja e Xica da Silva.
Texto extraído de: https://bndigital.bn.gov.br/
A MULHER NA POESIA DO BRASIL. Coletânea organizada por Da Costa Santos. Belo orizonte, MG: Edições “Mantiqueira”, 1948. 291 p. 14x18 cm. Capa de Delfino Filho.
Ex. bibl. Antonio Miranda
FUTURA MÃE
Jovem mãe que te esquivas pela rua,
Disfarçada pela arte da modista,
Estás grávida e evitas seres vista
Pelo povo que passa e tumultua.
O que está no teu ventre é carne tua,
Teu sonho bom, tua melhor conquista!
Todo o teu ser é dele, e nele estua
Teu coração cheio de amor altruísta.
Mãe vindoura, essa flor em fruto sonha,
Como um manjar do céu para tua fome.
Mas pensa — e no que digo não te humilho:
Que, um dia, o filho, que hoje te envergonha,
Dará seu sangue por te honrar o nome,
Há de, altivo, se honrar de ser seu filho!
MADALENA
Ouvida a fama de Jesus, suspira
Cerrando os olhos rútilos, tranquilos.
Tira o colar de pérolas e tira
Seus anéis de ametistas e berilos.
Corpo de amores vãos, fiel à mentira,
Pela janela vê passar, a ouvi-los,
Homens buscando a graça que os ferira.
Vendo-os passar, que mais fazer? Segui-los.
Alguém pregava à multidão que o escuta.
Ela o bálsamo toma e, resoluta,
Abre a porta e se expõe da tarde à luz.
Ouve os cânticos, longe; e alta e serena,
Sob o ouro dos cabelos, Madalena
Começa a caminhar para Jesus.
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Página publicada em setembro de 2021
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